Estreou nesta quinta-feira (13), o aguardado filme “Vitória“, protagonizado por Fernanda Montenegro. Inspirado na vida real de Joana da Paz, mulher que desafiou o crime organizado e denunciou uma quadrilha de traficantes e policiais corruptos, o longa-metragem levou quase 20 anos para ser finalizado. A produção está em cartaz nos três cinemas de Campo Grande: UCI, Cinemark e Cinépolis.
Dirigido por Andrucha Waddington, o filme traz Fernanda Montenegro no papel de Dona Nina, uma mulher que, cercada pela violência em uma favela do Rio de Janeiro, começa a filmar os crimes da janela de sua casa usando uma câmera VHS. Essa ação corajosa transforma a rotina da personagem e revela um enredo baseado em fatos reais que chocaram o Brasil em 2005, quando o jornalista Fábio Gusmão publicou a reportagem no Jornal Extra.
Da reportagem ao cinema: quase duas décadas de produção
O diretor Andrucha Waddington, genro de Fernanda Montenegro, explicou que o projeto foi pensado logo após a publicação da reportagem, mas a preocupação em proteger a identidade de Joana da Paz adiou o início das filmagens. “Achava que seria melhor esperar uns 20 anos, pois sabia que ela estava no programa de proteção à testemunha”, relembra o cineasta.
Mais de dez anos depois, com o livro sobre a história de Joana publicado, o diretor Breno Silveira chegou a iniciar o projeto, mas faleceu no começo das filmagens em 2022. A partir daí, Andrucha assumiu a direção e deu continuidade ao trabalho.
Realismo e força feminina
Andrucha Waddington destacou o tom realista do filme: “Tentamos retratar uma Copacabana crua e claustrofóbica, com direção de arte e fotografia que refletem o cotidiano difícil de Dona Nina“. Ele também enfatizou que a personagem não é apenas uma senhora frágil, mas uma mulher resiliente, que enfrenta autoridades de igual para igual.
“Ela representa tantas mulheres brasileiras que, mesmo diante do perigo, decidem não se calar“, pontua o diretor.
Uma relação cuidadosa com Joana da Paz
Apesar de ter conversado com Joana durante o processo de criação, o diretor garantiu a segurança da mulher. “Gravamos todas as entrevistas contra uma parede, para não revelar o local em que ela estava”, explica. Joana faleceu em fevereiro de 2023, meses após o encerramento das filmagens.
Um filme sobre resistência e humanidade
Segundo Waddington, “Vitória” é um filme emocionante e necessário, que fala sobre coragem, desigualdade e esperança. “É uma história de resistência e também de uma amizade profunda entre Dona Nina e o jornalista que a ajudou. Mostra como, mesmo nas situações mais difíceis, ainda existem laços humanos fortes”, conclui.