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Louvação à Ibejada emociona com fé e resistência no Festival América do Sul Pantanal

Documentário sobre a celebração de São Cosme e Damião estreia neste sábado, 17 de maio, em Corumbá

Entre doces, cantos e gestos de partilha, Corumbá se transforma em um imenso terreiro de fé no documentário Louvação à Ibejada: Minha Fé em Curumim, dirigido por Thayná Cambará. A obra audiovisual tem pré-estreia neste sábado (17), às 16h, no Centro de Convenções do Pantanal, integrando a programação do Festival América do Sul Pantanal. A exibição é gratuita e aberta ao público.

O média-metragem é um mergulho afetivo na tradicional celebração de São Cosme e Damião — uma das festas mais simbólicas do calendário religioso corumbaense. Mais do que retratar um evento popular, o documentário revela como a espiritualidade afro-brasileira permeia o cotidiano da cidade, transformando ruas, casas e comunidades em espaços de resistência, fé e afeto.

“Essa festa não é só devoção, é também resistência”, afirma Thayná. “Contar essa história é um ato de afirmação. Mostrar a beleza, a doçura e a profundidade dessa tradição é um gesto político e afetivo.”

O projeto nasceu durante a pandemia como desdobramento da websérie Encruzilhada de Estórias, também idealizada pela diretora, que documenta expressões religiosas afro-brasileiras em Corumbá e Ladário. Impulsionada por uma promessa pessoal, Thayná registrou imagens entre 2021 e 2022, enfrentando desafios emocionais, criativos e financeiros.

“Foi difícil entender qual era a mensagem a transmitir. Foram muitas horas de entrevistas, e transformar tudo isso em um filme acessível e sensorial foi um grande desafio”, relembra.

Com uma linguagem híbrida entre o cinema-direto e o cinema-verdade, Louvação à Ibejada respeita o tempo dos rituais, da oralidade e da rua. O ritmo é ditado pelos tambores, pelas crianças correndo, pelos preparativos silenciosos dos mais velhos. A proposta é provocar o público a olhar com mais profundidade para a cultura afro-brasileira e sua presença na construção da identidade regional.

“Em Corumbá, a natureza é sagrada. A cidade celebra os orixás como parte viva da paisagem. No dia de Cosme e Damião, tudo se transforma — a fé ocupa cada canto”, explica a diretora, que também é filha de santo.

A produção foi viabilizada por meio da Lei Paulo Gustavo e da Fundação de Cultura da Prefeitura de Corumbá, com recursos do Ministério da Cultura. Após a estreia, o documentário será disponibilizado gratuitamente no canal do YouTube da Bela Oyá Pantanal, com legendas e interpretação em libras.

Rios de Memória Afro-brasileira

A estreia integra o eixo Rios de Memória Afro-brasileira do Festival América do Sul Pantanal 2025, que celebra a força da ancestralidade negra por meio do cinema, música, artes cênicas e visuais. A programação dedicada à cultura afro começa às 14h do sábado, com a mesa de diálogos Raízes, Identidade e Mestres do Saber, reunindo nomes como Mãe Elenir Batista, Mãe Alexandra de Oyá, Profa. Rosiane Albuquerque e o professor e pesquisador Mário Sá, com mediação da própria Thayná Cambará.

Na mesma faixa de horário, acontece uma atividade especial para crianças com a escritora Sarah Muricy, autora do livro O Reino Mágico dos Orixás, que fará uma leitura dramatizada com encarte para colorir.

Já no domingo (18), a programação segue com uma Roda de Curimba e Oficina de Capoeira, na Orla do Porto Geral, reforçando os laços entre música, movimento e ancestralidade como instrumentos pedagógicos e culturais.

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